Imagine um mundo onde o vento sussurra segredos entre montanhas e cada voo no cabo de uma vassoura traz uma nova história para contar. Bem-vindo a Mika And The Witch’s Mountain, um jogo que parece ter saído diretamente dos sonhos de um fã de Studio Ghibli, com visuais que lembram The Wind Waker com a mesma leveza e coração.
A influência de O Serviço de Entregas da Kiki é inegável, mas não se engane: Mika não está aqui para ser uma cópia. Ela tem sua própria história, cheia de humor, charme e aquele toque de “vida que segue”, mesmo quando tudo dá errado. O jogo pode não reinventar a roda, mas seu coração pulsa forte o suficiente para fazer até os mais céticos sorrirem.
Uma Bruxinha, Uma Vassoura Quebrada e Um Sonho
A jornada começa quando Mika, uma jovem bruxa em treinamento, é chutada do topo da montanha. Sem grana, com uma vassoura aos pedaços e um orgulho ferido, ela precisa ganhar uns trocados para consertar seu meio de transporte e voltar para encarar a professora que a mandou ladeira abaixo.
A jogabilidade gira em torno de entregar pacotes pela ilha, trabalhando para a agência postal local. Simples, certo? Quase. O desafio é transportar os pacotes sem deixá-los cair ou molhar, o que, sejamos honestos, não é muito difícil. Mesmo se você fizer besteira, pode tentar de novo sem grandes penalizações. Para alguns, pode parecer fácil demais; para outros, é apenas a desculpa perfeita para planar tranquilamente entre prados verdejantes e mares azul-turquesa.
Curiosamente, a mecânica de entregas lembra vagamente Death Stranding, mas em uma escala muito mais leve e descontraída. Enquanto o jogo de Hideo Kojima transforma cada entrega em uma jornada tensa, onde o peso da carga e o terreno afetam cada passo do protagonista, Mika And The Witch’s Mountain opta por uma abordagem mais acessível. Aqui, não há BTs ou terrenos traiçoeiros para te derrubar—apenas o vento e a sua própria habilidade de controlar a vassoura.
Além disso, o jogo se desenrola ao longo de três dias, com cada dia introduzindo novas mecânicas e melhorias na vassoura de Mika. No entanto, essa estrutura pode acabar parecendo mais um longo tutorial do que uma jornada completa, o que pode decepcionar quem espera uma progressão mais profunda. Mas que também pode agradar quem prefere experiências mais diretas.
Voo Livre e Pequenas Descobertas
Mika vai ganhando upgrades na vassoura conforme avança, permitindo explorar novas áreas da ilha e alcançar lugares antes inacessíveis. O voo pode ser estranho no começo, mas quando você pega o jeito, se torna uma experiência quase meditativa. Sabe aquela sensação de liberdade ao saltar de um penhasco e, no último segundo, planar suavemente na corrente de ar? Pois é, Mika captura isso com perfeição… até certo ponto.
Diferente do que se espera de um jogo sobre uma jovem bruxa, o voo não é realmente livre. Mika não voa de verdade—ela apenas desliza, o que pode ser um pouco frustrante para quem esperava mais liberdade aérea. Além disso, a física da vassoura é um tanto desajeitada, tornando algumas manobras mais complicadas do que deveriam ser. A falta de um sistema de parada rápida também pode tornar a movimentação menos fluida do que o ideal.
A ilha, por outro lado, é um deleite para os olhos. O visual cel-shaded e os personagens carismáticos fazem dela um lugar agradável de explorar. Existem NPCs de outros jogos da Chibig, como Summer in Mara e Ankora: Lost Days, o que adiciona um toque especial para quem já conhece o estúdio. Infelizmente, muitos desses personagens servem apenas como decoração e não têm grandes interações ou histórias para contar.
Há um leve sistema de exploração, com pacotes opcionais e objetos perdidos espalhados pelo mapa. Algumas dessas entregas não têm um marcador indicando o destino, o que incentiva os jogadores a conhecerem melhor a ilha. Há várias dessas pequenas atividades secundárias escondidas por cada cantinho da ilha. Grande parte delas são bem legais de se fazer e dão recompensas para desbloquear.
Assim como em Death Stranding, há um certo prazer em simplesmente cruzar o mapa, aprendendo atalhos e entendendo melhor o ambiente para otimizar as entregas. Porém, enquanto o jogo de Kojima recompensa o planejamento estratégico e a resiliência, Mika And The Witch’s Mountain mantém tudo simples, leve e acessível.
Um Jogo Perfeito Para Crianças (E para quem busca algo leve)
Embora Mika And The Witch’s Mountain possa ser jogado por qualquer público, é importante destacar que ele é voltado para o público infantil, e o jogo não tenta esconder isso. Ele é uma ótima opção para pais que buscam um jogo seguro e divertido para seus filhos, sem mecânicas complicadas ou desafios frustrantes.
O jogo está totalmente legendado em português (PT-BR), e os textos são simplificados, tornando a experiência acessível até para crianças que estão aprendendo a ler. Sua jogabilidade intuitiva e progressão linear fazem dele uma escolha ideal para pequenos aventureiros que querem explorar um mundo mágico sem grandes dificuldades.
História: Simples, mas funcional
Tendo em mente que Mika And The Witch’s Mountain é um jogo com seu público alvo bem definido, considero a história dele um tanto simples e até meio rasa, porém acredito que possa ser satisfatória ao olhar se uma criança. Há pequenos valores sendo passados em uma narrativa curta, que não vai enrolar os pequenos jogadores.
É perceptível que o estúdio Chibig se empenhou bastante em entregar músicas inspiradas o suficiente para nos fazer decolar nessa pequena aventura. Junto aos efeitos sonoros, que dão um tom muito prazeroso a cada minuto dentro do jogo.
Embora agradável, sofre de um problema que pode incomodar: transições abruptas. Algumas faixas simplesmente cortam e reiniciam sem fluidez, quebrando a imersão. Alguns desses detalhes podem ser corrigidos em futuras atualizações, e acredito que não são essencialmente algo que vá atrapalhar tanto a experiência.
The Review
Mika And The Witch’s Mountain
Plataformas: Steam, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One and Xbox Series.
PROS
- Visual deslumbrante
- Mecânica de voo divertida (apesar das limitações)
- Trilha sonora relaxante
- Atmosfera aconchegante
- Perfeito para crianças
CONS
- Falta alguns desafios opcionais mais elaborados
- Loop nas músicas de background
- Poderia ser um pouquinho maior