Indiana Jones e o Grande Círculo - Análise/Review

Muitos anos fora do mundo dos jogos, Indiana Jones retorna aos holofotes em grande estilo pelas mãos talentosas dos desenvolvedores da sueca MachineGames. Após estabelecerem um novo padrão de qualidade renovando a franquia Wolfenstein nos últimos anos, agora chegou o momento de uma nova etapa em Indiana Jones e o Grande Círculo, publicado pela Bethesda e Xbox Game Studios.

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Com os trailers de gameplays revelados durante o processo de marketing do jogo, todos já tinham certas expectativas com relação ao Grande Círculo. Os gráficos pareciam ótimos, o tom com relação aos filmes clássicos pareciam coesos, a jogabilidade divertida, Harrison Ford mais novo estava visualmente ali, Troy Baker parecia ter feito um trabalho incrível de interpretação e uma breve promessa de mapas semiabertos para explorar com bons puzzles e muitos fascistas para socar. Agora, após jogar essa nova aventura do nosso queria Indy, fico feliz em poder dizer que todas as expectativas foram superadas.

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Uma verdadeira aula de level design:

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Nos mas diversos aspectos conseguiram me surpreender, mas com certeza o ponto que mais me chamou atenção foi sobre como ele consegue transmitir o sentimento de você ser o Indiana Jones, utilizando da narrativa mais cinematográfica em uma mescla perfeita com o level design diegético, onde o jogador precisa estar atento ao mundo e detalhes do jogo para encontrar puzzles e soluções para avançar.

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De todos os jogos em que você é algum tipo de explorador sedento por aventura, definitivamente Indiana Jones e o Grande Círculo alcançou um novo patamar e agora se torna a minha principal régua de qualidade. Em minha experiência indo na dificuldade mais alta e com o mínimo de informações e dicas nos puzzles, pude ir fundo na imersão e sentir todo o propósito das escolhas criativas que a MachineGames tomou.

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E imersão é uma palavra importante que segura os alicerces de todos os argumentos aqui. O Grande Círculo vai além e não estrega apenas uma aventura dentro dos padrões de jogos AAA do mercado, ao dar liberdade aos jogadores para explorar e resolver problemas ele acaba se assimilando bastante aos jogos dos amigos da Arkane Studios, como Dishonored ou Prey. Sendo esse então basicamente um jogo Immersive sim do Indiana Jones. E isso foi impactante descobrir isso enquanto jogava.

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Abrindo um breve parênteses para comentar uma das principais "polêmicas" antes do lançamento do jogo, com relação a sua câmera em perspectiva primeira pessoa, que alguns na internet torceram o nariz. E eu fico feliz demais em jogar e perceber o quanto a MachineGames acertou em ter feito essa escolha artística. Ver o mundo pelos olhos do Indy é uma das melhores experiências que você pode querer ter. É lindo e empolgante chegar nos cenários e contemplar cada detalhe como se estivemos realmente naquele local.

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Algo curioso sobre como os mapas funcionam aqui, é a forma que eles conseguiram criar diferentes interações dentro de uma mesma base. Por exemplo, no Vaticano além de caminhar por ruas e praças, você também encontra um pouco mais de verticalidade subindo no telhado de algumas construções e adentrando prédios por suas portas e janelas servindo como atalhos. Em Gizeh, o deserto expansivo fará você caminhar com mais liberdade tendo uma visão ampla do horizonte com as pirâmides e o sol escaldante. Já é Sukhothai, ficamos em uma floresta densa, cheia de pequenas ilhas abertas para se explorar, mas para chegar nelas é necessário usar um barco para locomoção.

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Parece simples, mas enquanto joga essas pequenas diferenças vão sendo notadas e são importantes para deixar ali um sentimento de novidade a cada nova fase.

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Entretanto, há algo que me incomodou enquanto transitava entre esses cenários. O diário do Indy não é muito intuitivo, e em diversos momentos me peguei perdendo algum tempo tentando localizar determinado bilhete ou anotação para solucionar quebra-cabeças. A organização por lista em coluna vertical acaba ficando meio desorganizada quando você decide pegar todos os colecionáveis e fazer todas as missões dos mapas. Até mais próximo do final, após mais de 30 horas do jogo, ainda não estava 100% habituado ao diário e acredito que há melhorias que podem ser feitas nesse sentido.

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Combate variado e diferenciado:

Acho que existia uma certa expectativa de encontrarmos aqui algo que fosse mais parecido com Wolfenstein, que apesar de serem jogos que permitem stealth, acima de tudo esses sempre foram jogos de tiro mais frenéticos. E isso é o oposto do que O Grande Círculo entrega, já que a grande graça aqui está na furtividade.

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As armas de fogo ainda estão aqui e você pode acabar com todos os nazistas na base da bala, e pode acreditar, fazer isso vai ser muito divertido. Porém, é nítido que o level design quer que você jogue de maneira mais furtiva, passando por diversas áreas sem ser visto, usando e abusando das diversas armas brancas que são espalhas por todos os cenários. E a variedade é inusitada e satisfatória, você pode usar bastões de ferro, pedaços de pau, violão, violino, panelas, cassetetes, mata-moscas, guarda-chuvas, frutas e... enfim, tudo o que você ver no seu caminho pode ser usado para acertar os inimigos.

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Indy ainda tem sempre em mãos seu fiel chicote, que pode ser usado em combate para despistar, desarmar e puxar inimigos. Sendo um elemento de muita importância em cada confronto. E além disso, algo marcante para o personagem e que não poderia deixar de faltar aqui, são os seus punhos.

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O combate mano-a-mano em O Grande Círculo em uma primeira olhada pode parecer um tanto desengonçado e um pouco desesperador, principalmente na dificuldade mais alta, onde 2 golpes são o suficiente para fazer Indy cair desacordado. Isso assusta, porém pegando o jeito de como as coisas funcionam esse estilo de combate alcança todo seu potencial tornando-se fluído e extremamente divertido.

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Há o parry para você bloquear todos os golpes, e o tempo para acertar a defesa é bastante amplo. É bem fácil apertar o botão no momento certo, contudo é necessário ficar atento ao folego do Indy. Nesse sistema de estamina, cada golpe defendido, esquivas e ataques deferidos gastam sua energia. Por isso, fique ligado na quantidade de inimigos nas proximidades e faça os upgrades para ficar mais resistente. Aprender administrar todos esses aspectos ao mesmo tempo acaba tornando-se um desafio, e um bom local para treinar isso são os ringues de boxe clandestinos que existem escondidos em alguns becos.

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Infelizmente, nada nesse mundo é perfeito, e mesmo na dificuldade mais alta os inimigos não são dos mais espertos. A inteligência artificial acaba tropeçando e causando alguns momentos meio constrangedores, quando não tem veem passar mesmo estando muito perto. Ou quando te veem, basta dar uma corridinha alguns metros para frente ou subir em alguma plataforma para que esses inimigos desistam de te apanhar e te esquecer completamente. Talvez esses detalhes sejam corrigidos em atualizações futuras, ao mesmo tempo que também é válido deixar claro que não se trata de nada grave que vá interferir em sua experiência e em outros aspectos eu fiquei até surpreso com alguns movimentos dos inimigos. Numa frequência bem alta eles desviam dos seus ataques em curta ou longa distância, jogam pedras para te derrubar dos locais um pouco mais altos e quando estão em grupos, não é uma tarefa tão fácil assim derrota-los. Mas de qualquer forma, fica aqui a observação.

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Resolvendo os puzzles sendo o próprio Indiana Jones:

Como de costume os puzzles também são parte importante da essência desse estilo de jogo, e aqui também se destacam por sua qualidade. Para solucioná-los é exigido observação e lógica dos jogadores, em um equilíbrio muito bem dosado de dificuldade. Nada aqui parece impossível de se decifrar, porém são sempre satisfatórios. Dos mais simples aos mais complexos, você poder explorar para conseguir dicas com senhas e pistas de códigos e usar o diário do Indy para observar anotações relevantes para cada quebra-cabeça.

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Todos esses puzzles e detalhes da jogabilidade é condensado e intercalado em mapas abertos com momentos mais lineares, com muitas missões secundárias e itens colecionáveis para se encontrar. Apesar de serem secundárias, essas missões extras são muito bem contextualizados com a história principal do jogo, tornando a conclusão de cada tarefa recompensante o suficiente para que você sempre fique querendo ainda mais. Sempre dando muita ênfase na diversão com ação na medida certa e uma narrativa que vai te prender do inicio ao fim.

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Como contar uma boa história de aventura:

Logo nos primeiros minutos fiquei em sintoniza com o tom de O Grande Círculo com facilidade, já que após um belíssimo prologo que homenageia Os Caçadores da Arca Perdida recriando toda a sequência inicial do filme de 1981. Nesse momento fica bastante claro o quanto a MachineGames respeita e também ama Indiana Jones.

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A trama do jogo se passa entre os eventos de Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada, integrando-se naturalmente ao universo dos filmes e personagens familiares fazem seu retorno, enquanto novos rostos, como o da nossa companheira Gina, são introduzidos de maneira orgânica. E como é de se esperar, Indy viaja pelo mundo para desvendar mistérios e enfrentar as forças do Eixo.

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Sem spoilers por aqui, mas eu apenas amo nessas aventuras do tipo como mesclam os contos antigos de teorias da conspiração, histórias bíblicas e alguns fatos reais em um plot engajante. Tudo é muito bem amarrado e coeso, tornando cada detalhe palpável.

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Além disso os personagens e diálogos que eles carregam também se seguram no mesmo nível da trilogia de filmes, cheio de charme e humor característico. Tudo é feito com carinho e atenção, focando na imersão para agradar os fãs do Indy e ainda há chama o suficiente aqui para também atrair novos públicos.

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Conclusão:

Indiana Jones e o Grande Círculo é uma aventura eletrizante que captura com fidelidade o espírito dos filmes do lendário arqueólogo. O jogo combina exploração aberta, furtividade e ação improvisada, entregando momentos de pura nostalgia e diversão. Com mapas vastos e cheios de segredos, o jogador pode explorar tumbas, resolver mistérios e escolher como enfrentar os desafios, seja se infiltrando silenciosamente ou partindo para brigas intensas.

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Embora alguns aspectos como a inteligência artificial dos inimigos ou os menus do diário do Indy possam parecer menos polidos, o charme do jogo está em refletir a personalidade desajeitada e brilhante de Indy. É uma experiência memorável e essencial para os fãs da franquia, oferecendo uma mistura equilibrada de furtividade, ação e exploração, além de uma narrativa envolvente repleta de aventura e improvisação.

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