Sim, é ele mesmo: “Take On Me”, do a-ha. E sim, você vai chorar.
No episódio 4 da segunda temporada de The Last of Us, a HBO decidiu ir direto no coração dos fãs: Ellie (Bella Ramsey) canta para Dina (Isabela Merced) uma versão acústica da clássica “Take On Me” — em uma cena que ecoa diretamente o segundo jogo da franquia. Mas o que parece um momento simples entre duas adolescentes escondidas num mundo pós-apocalíptico, na verdade carrega um peso emocional gigantesco. E tudo tem a ver com Joel.
A sequência acontece após Ellie e Dina chegarem a Seattle, ainda em busca de Abby e dos Wolves. Durante a patrulha, elas se escondem em uma antiga loja de música. Lá, Ellie encontra um violão em bom estado, se senta e começa a tocar. Dina chega silenciosamente e se emociona ao ouvir a canção. A luz suave do pôr do sol completa a atmosfera melancólica.
Essa não é apenas uma cena de respiro narrativo. É uma recriação quase quadro a quadro de um momento opcional de The Last of Us Part II, e também um ponto de virada emocional. No jogo, esse momento só acontece se o jogador decidir explorar o cenário, o que torna sua aparição na série ainda mais significativa. Aqui, a escolha da música e o cuidado com cada detalhe mostram que os criadores estão ouvindo os fãs — e sabem exatamente onde apertar.
O detalhe que conecta tudo é Joel. A escolha da música não é aleatória. No jogo, Joel ensina Ellie a tocar violão. Na série, esse vínculo foi estabelecido no episódio de estreia da temporada, quando Joel oferece para cuidar do instrumento de Ellie. Agora, com ele morto, o ato de tocar se torna um ritual de luto e memória. Cada acorde é uma lembrança. Cada verso, uma cicatriz aberta.
Ao fim da canção, Dina elogia Ellie, e ela responde: “Joel que me ensinou”. Simples assim. Não precisa dizer mais nada. É o tipo de construção emocional que a série tem feito com maestria: sutil, carregada de significado, sem precisar ser expositiva.
Outro detalhe cortado da versão televisiva é a tentativa inicial de Ellie tocar “Future Days”, do Pearl Jam — a primeira música que Joel toca para ela no jogo. Como a série optou por não usar essa faixa, “Take On Me” se torna o novo elo sonoro entre os dois. E funciona. Funciona demais.
Mais do que uma homenagem, essa cena marca um ponto de equilíbrio entre o luto de Ellie e seu início de relação com Dina. Pela primeira vez desde a morte de Joel, ela parece feliz. Ainda que por um breve momento, a música dá a ela um refúgio — uma chance de respirar. E para Dina, é o instante que sela de vez a conexão entre elas.
No fim das contas, não é só sobre a música. É sobre tudo que ela carrega: a perda, o amor, o passado que nunca vai embora. É sobre a dor que não passa, mas que a gente aprende a cantar para aguentar.