Na vasta indústria dos videogames, algumas obras-primas passam despercebidas pelo grande público, ofuscadas por títulos de maior apelo comercial. Rogue Trooper Redux é um desses tesouros escondidos, uma adaptação brilhante do clássico quadrinho britânico da 2000 AD que combina ação, estratégia e uma narrativa envolvente.
Em 2006, Rogue Trooper chegou ao PlayStation 2, Xbox e PC, desenvolvido pela Rebellion Developments. Baseado na série de quadrinhos criada por Gerry Finley-Day e Dave Gibbons, o jogo trouxe uma abordagem inovadora para os shooters em terceira pessoa, misturando combate baseado em cobertura com elementos de furtividade e ação explosiva.
Na época, o título foi elogiado por sua fidelidade ao material original e por mecânicas que anteciparam tendências vistas em jogos como Gears of War. Apesar das críticas positivas, incluindo uma indicação ao BAFTA pela história escrita por Gordon Rennie, Rogue Trooper não alcançou o estrelato mainstream, permanecendo como um jogo cult entre fãs de quadrinhos e jogadores que buscavam algo diferente.
Onze anos após seu lançamento, Rogue Trooper Redux chegou como uma carta de amor aos fãs e uma oportunidade para novos jogadores descobrirem essa pérola. Lançado em 17 de outubro de 2017, o remaster trouxe gráficos em alta definição, modelos redesenhados, iluminação dinâmica e efeitos especiais aprimorados.
Além disso, a Rebellion, em colaboração com a TickTock Games, modernizou os controles, introduzindo um sistema de cobertura automático mais fluido, níveis de dificuldade extras e ajustes que alinham o jogo aos padrões contemporâneos sem perder sua alma old-school. O visual atualizado destaca os ambientes desolados de Nu-Earth, um planeta devastado por uma guerra interminável entre os Norts e os Southers.
Embora algumas animações e texturas ainda carreguem traços de sua origem, o remaster consegue equilibrar nostalgia com frescor, oferecendo uma experiência que parece atemporal. Para os puristas, o charme do original permanece intacto, mas agora com um brilho que atrai até quem nunca ouviu falar do quadrinho.
A trama nos apresenta a Nu-Earth, um mundo envenenado onde a atmosfera tóxica força soldados a usarem trajes de proteção – exceto os Genetic Infantrymen (GIs), super-soldados criados pelos Southers para resistir ao ambiente hostil. Você controla Rogue, o último GI sobrevivente após a traição no massacre de Quartz Zone, onde seus companheiros foram mortos.
Determinado a encontrar o Traidor General responsável, Rogue carrega os biochips sencientes de três camaradas caídos – Gunnar (na arma), Helm (no capacete) e Bagman (na mochila) –, que o auxiliam com habilidades táticas e diálogos cheios de personalidade. A campanha, dividida em 13 missões, é uma jornada de vingança que atravessa cenários icônicos dos quadrinhos, como a Zona de Quartzo, a Floresta Petrificada e o Ferry de Harpo.
Escrita por Gordon Rennie, a história combina ação desenfreada com momentos de reflexão sobre lealdade, sacrifício e os horrores da guerra. Apesar de sua premissa aparentemente simples, a narrativa é enriquecida pelo humor seco e pela camaradagem entre Rogue e seus biochips, criando uma conexão emocional que eleva o jogo além de um simples shooter.
Em termos de gameplay, a obra é um shooter tático que brilha por sua versatilidade. O jogo oferece uma mistura única de combate direto, furtividade e estratégia, permitindo que os jogadores abordem os objetivos de múltiplas formas. Rogue pode enfrentar os Norts com um arsenal variado, incluindo Lazookas, granadas, torres automáticas e explosivos.
O sistema de cobertura, pioneiro na época do original, foi refinado no remaster para se tornar mais intuitivo, permitindo que Rogue se proteja enquanto planeja seus movimentos. A IA dos inimigos, embora não revolucionária, cria encontros dinâmicos, com Norts que tentam flanquear ou chamar reforços, exigindo que o jogador pense além de apenas atirar.
A campanha solo é complementada por um modo cooperativo online para 2 a 4 jogadores, com os modos “Stronghold” (defesa de posição) e “Progressive” (avanço sob pressão), que adicionam replay ao pacote. Apesar de sua duração relativamente curta (7 a 10 horas), o jogo recompensa a experimentação, incentivando o uso criativo das habilidades de Rogue e dos biochips.
Rogue Trooper Redux é a prova de que grandes jogos não precisam de holofotes para serem memoráveis. Sua combinação de ação tática, história cativante e fidelidade ao universo da 2000 AD faz dele uma experiência única, perfeita para quem aprecia shooters com personalidade. O remaster não apenas preserva o legado do original, mas o apresenta a uma nova geração com o respeito que ele merece.
Se você é fã de ficção científica, quadrinhos ou apenas busca um jogo que fuja da mesmice, Rogue Trooper Redux é uma joia que vale a pena desenterrar. Disponível para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC, ele está pronto para levar você aos campos de batalha de Nu-Earth. Que tal dar uma chance a esse clássico subestimado?