Se há uma série que marcou época no universo PlayStation, é a franquia Infamous. Lançado em 2009, o primeiro jogo apresentou a um público faminto por mundos abertos um herói capaz de canalizar eletricidade e redefinir as regras da ação. Desde então, Infamous ganhou duas sequências e uma expansão de destaque, mas permanece em silêncio há quase uma década. Resta aos fãs alimentar a esperança. Em entrevista recente à Game Informer, Nate Fox — codiretor criativo da Sucker Punch — não só admitiu a vontade de voltar ao universo de Infamous, como também explicou, em detalhes, o que impede isso hoje: o estúdio desenvolve com exclusividade Ghost of Yōtei, continuação direta de Ghost of Tsushima, e não trabalha em dois projetos simultâneos.
Para quem acompanha o mercado de games, a Sucker Punch é sinônimo de qualidade e comprometimento. O estúdio de Seattle incorporou o DNA de franquias como Sly Cooper, Infamous e, mais recentemente, Ghost of Tsushima, títulos aclamados pela crítica e pelos jogadores. Nate Fox, veterano que colaborou intensamente na criação dos jogos de Cole MacGrath e Jin Sakai, explica que a filosofia interna é clara: “nós abraçamos um jogo por vez e colocamos tudo o que temos nele. É essa dedicação que garante a excelência — porém, significa que só mudamos de projeto quando o atual está realmente fechado.” Em outras palavras, um novo Infamous só virá depois de a equipe concluir o ambicioso Ghost of Yōtei, aguardado como um dos grandes lançamentos do PlayStation 5.
O legado de Infamous no universo PlayStation
Quando Infamous chegou ao PlayStation 3, em 2009, os jogadores descobriram um dos primeiros exemplos de “super-herói sandbox” — um mundo aberto onde você podia escalar arranha-céus, voar por cabos de alta tensão e decidir seu próprio caminho moral: herói ou vilão. As decisões de Cole MacGrath influenciavam não apenas suas habilidades, mas também a reação da população. Foi um marco, equiparando-se em inovação a franquias como Prototype.
O sucesso garantiu uma sequência direta, Infamous 2, em 2011, e o standalone First Light, em 2014, para o PlayStation 4. Em 2014, o estúdio adicionou Infamous: Second Son, renovando gráficos, cenário e protagonista para explorar os cartões postais de Seattle. Seria a última aventura de superpoderes… ou não?
Desde então, a franquia entrou em hiato. Fãs clamam por um reboot ou um Remastered Collection, mas a Sucker Punch se voltou com afinco a Ghost of Tsushima (2020), título que se tornou referência em direção de arte e combate samurai. E agora, com Ghost of Yōtei no horizonte, o futuro de Infamous segue indefinido — mas não esquecido.
Ghost of Yōtei: a prioridade da Sucker Punch
“Quero muito fazer mais Infamous — relançar a trilogia, explorar novos poderes, novas histórias — mas isso depende de quando terminarmos o que estamos fazendo agora”, afirmou Fox. Ghost of Yōtei promete levar ainda mais longe a jornada de Jin Sakai, ambientada 300 anos após a Rebelião de Tsushima. Com sistema de combate aprimorado, mundo expansivo e narrativa focada em honra e sacrifício, o título exige tempo, equipe e recursos dedicados. Enquanto isso, Infamous segue congelado, aguardando o momento certo para seu retorno.
A escolha de concentrar esforços em um único jogo não é exclusividade da Sucker Punch. Várias desenvolvedoras optam por ciclos de produção longos e focados, garantindo entregas polidas mas espaçadas: pense em Naughty Dog com The Last of Us ou Insomniac Games com Spider-Man. A desvantagem, claro, é o hiato prolongado das franquias consagradas.
O apelo dos fãs e o potencial de um relançamento
Apesar da demora, a base de fãs de Infamous segue ativa. Fóruns, redes sociais e canais de streaming hospedam discussões, teorias e até eventos de speedrun. Alguns jogadores pedem um remaster completo, aproveitando o poder do PS5 para rodar os três títulos originais em resolução 4K e 60 fps. Outros sonham com um reboot narrativo, explorando heróis novos, mutações diferentes e conflitos contemporâneos.
Do ponto de vista de mercado, um relançamento bem executado teria apelo duplo: atrairia a nostalgia dos jogadores veteranos e apresentaria a franquia a uma nova geração. Além disso, poderia servir de ponte entre Infamous e o universo de Ghost of Tsushima, criando crossovers de personagens ou mecânicas de movimento — imagine Cole MacGrath deslizando por cabos de eletricidade em Tsushima.
Desafios para o retorno de Infamous
Por que, então, Infamous ainda não voltou? Além do foco em Ghost of Yōtei, há outros fatores:
- Recursos Humanos: A Sucker Punch não revela números, mas montar equipes distintas para dois grandes projetos consumiria talentos chave — diretores, roteiristas, animadores e programadores.
- Calendário de lançamentos da Sony: A matriz japonesa provavelmente define prioridades e janelas de lançamento para evitar canibalização de vendas. Com Ghost of Yōtei e outros exclusivos planejados, não haveria espaço imediato para Infamous.
- Visão criativa: A filosofia de “um jogo por vez” pode atrasar novos desenvolvimentos, mas garante que cada título receba toda a atenção.
- Tecnologia e motor gráfico: Os jogos originais foram construídos no engine do PS3/PS4. Para um relançamento ou reboot, a Sucker Punch precisaria adaptar tudo ao motor usado em Ghost, reescrevendo física, iluminação e animações.
O que pode acelerar o retorno
Embora não haja datas ou planos concretos, alguns cenários podem impulsionar Infamous:
- Sucesso estrondoso de Ghost of Yōtei: vendas altas e recepção crítica podem liberar orçamento e equipe extra para um novo projeto.
- Parceria com estúdios terceiros: a Sucker Punch poderia licenciar a franquia para um estúdio de apoio, enquanto concentra-se em suas criações principais.
- DLCs narrativos: antes de um jogo completo, a Sony poderia financiar conteúdo adicional de Second Son ou uma remasterização com capítulos inéditos — teste para medir o apetite do público.
- Eventos de marketing e comemorações: 15º aniversário de Infamous em 2024/2025 já gerou rumores; uma campanha comemorativa bem-sucedida poderia catalisar relançamento.
O legado e a importância de Infamous
Mais do que jogos, Infamous foi um marco de ambientação em mundo aberto e progressão de habilidades. Seu sistema de escolha moral antecipou práticas que hoje vemos em títulos da Ubisoft e da Rocksteady. A mistura de superpoderes, skyline urbano e narrativa personalizável fez do herói elétrico um símbolo de inovação.
Se a Sucker Punch voltar a esse universo, terá um legado a honrar. E Nate Fox deixa claro: a vontade existe. “Adoraria trabalhar em mais Infamous. Adoraria ver um relançamento da trilogia”, ele garante. Cabe agora à Sony e à comunidade manter a pressão e acompanhar de perto o desenvolvimento de Ghost of Yōtei. Assim que esse capítulo fechar, o caminho estará aberto — e Cole MacGrath pode enfim retornar.