Como em todo inicio de geração a escassez de bons novos jogos e, principalmente, novas franquias é algo comum. E em Março de 2014, poucos meses depois do lançamento do Xbox One, a Microsoft tinha na manga o esperadíssimo Titanfall. Mas as coisas não saíram exatamente como o planejado.
Tudo começa em 2010 após o lançamento do aclamado e polêmico Call of Duty: Modern Warfare 2, um estrondoso sucesso, a Activision demitiu dois dos principais nomes criativos que estavam por trás do game: Jason West e Vince Zampella.
Com muita vontade e toda a força do ódio, os dois criadores ainda em 2010 se uniram à Electronic Arts e criaram um novo estúdio, Respawn Entertainment.
O desenvolvimento de Titanfall iniciou-se logo em seguida, e no meio do caminho, surgiu a parceria com a Microsoft para lançar o game exclusivamente nos consoles Xbox 360 e Xbox One.
A promessa e todo o conceito eram muito empolgantes. Afinal, um game focado em PvP onde você pilota robôs gigantes e deslizar pelas paredes enquanto atira em seus inimigos, com certeza parecia ser algo divertido e fora do comum.
O inicio do fim?
As vendas foram muito boas, coisa que com certeza aconteceu devido ao hype e impulso de estar sendo lançado em bundles com o novo console. Mas infelizmente o game não agradou tanto os críticos da época e menos ainda o seu público.
Em um curto tempo reclamações constantes sobre a falta de conteúdos extras. Poucos mapas e modos de jogo fizeram com que os jogadores abandonassem o game.
Em sua proposta desde o inicio foi deixado claro que Titanfall tratava-se de um game competitivo online. Mas isso não foi o suficiente para impedir de forma quase que unanime que os jogadores reclamassem da falta de um modo história.
No final das contas, Titanfall acabou sendo apenas uma grande decepção. Agregando negativamente também ao conturbado e polêmico inicio de geração do Xbox One, o futuro não parecia tão promissor para a Respawn.
Dois anos após o primeiro game, Titanfall 2 estava sendo lançado e tendo como principal chamariz um modo história, antes tão solicitado em seu antecessor.
Uma Nova esperança
Outubro de 2016 foi a data escolhida. Com pouquíssimo hype e buscando seu lugar ao sol entre lançamentos de peso de seus concorrentes como Battlefield 1 (21 de Outubro) e Call Of Duty: Infinite Warfare (4 de Novembro), a Respawn entregou ao seu público o que podemos considerar um dos melhores shooters da última década.
Envolvido por uma emocionante narrativa e personagens carismáticos, e muitas surpresas em suas mecânicas, Titanfall 2 entregou muito mais do que todos esperavam.
Para dar maior personalidade ao seu game, a Respawn entendeu que para isso seria necessário primeiro criar protagonistas. Então, conhecemos inicialmente o soldado Jack Cooper, e em poucos minutos depois o mecha BT-7274. Titan que é responsável por amarrar toda a aventura e nos manter interessados no relacionamento dos dois personagens.
No decorrer da história, sem forçar muito a barra, nós vamos cada vez mais ficando preocupados com o destino de cada um.
Por mais que a sintonia entre eles seja simples e na medida certa, eu não tenho certeza se isso seria o suficiente para o game se sobressair. Imagino que os desenvolvedores pensavam o mesmo. Por isso, vamos agora ao que redefine por completo essa franquia recém nascida: o gameplay.
Seu maior triunfo
Transbordando perfeição dos seus controles responsivos e intuitivos, até ao level design orgânico que se adapta a novas mecânicas, que ao mesmo tempo sempre está servindo de base para a narrativa.
O jogo traz uma diversidade de armamentos e novos equipamentos que vão sendo inseridos e forçam o jogador a estarem sempre repensando qual arma é melhor para determinado inimigo ou desafio.
Coisas novas vão surgindo a cada fase que você avança, permitindo que o game nunca fique enjoativo.
Num momento você está resolvendo puzzles enquanto grande sistemas de ventilação te empurram para longe. E logo depois você se encontra tendo que escalar todo um campo de treinamento que está sendo rodando no ar.
Cada fase tem algum destaque especial, mas o meu favorito é quando você encontra um item que permite alternar entre o passado e o presente. Te permitindo passar por obstáculos que no passado não existiam, mas que estão abertos no futuro.
O que nos dá mais possibilidades de como abordar seus inimigos nos dois tempos, sendo os do presente soldados e robôs, e no passado feras alienígenas selvagens.
Trata-se de uma experiência linear, mas é incrível como em missões como essa, o jogador sente uma liberdade ímpar e ainda trás desafios de plataforma que dariam inveja até no Mario.
Nem todas as fases seguem esse ritmo frenético, porém há um equilíbrio entre em uma hora parecer um parque de diversões e em outras algo mais linear onde o jogador só precisa andar por um corredor.
A inteligência artificial dos inimigos não é das mais refinadas, mas ainda é boa o suficiente para se sobressair diante a atual concorrência. Mesmo na dificuldade mais elevada você dificilmente ficará preso por muito tempo.
Tudo muito divertido e emocionante, e com certeza te faz ficar com o gostinho de quero mais após suas singelas 6 ou 7 horas de campanha.
O vacilo da EA
Eu entendo que o marketing ou a janela de lançamento que a EA escolheu para o lançamento do game foi um pecado brutal. Fazendo Titanfall 2 competir com franquias já tão bem estabelecidas como Call Of Duty e Battlefield 1.
Era de se imaginar que com o tempo, as boas críticas e boca-a-boca da galera de alguma maneira deveriam ter salvo o game, mesmo que em longo prazo. O que parece não ter acontecido.
O que me leva a acreditar apenas na infeliz possibilidade que a decepção com o primeiro game tenha sido tão grande a ponto de zerar o interesse do público. Enfim, a maldição da primeira impressão.
Não é uma maldição exclusiva da Respawn. Empresas como Ubisoft e a própria EA, sofrem até hoje para recuperar seus prestígios com suas franquias.
Na maioria das vezes, as desenvolvedoras corrigem os erros do primeiro game e adicionam uma outra leva de erros e escolhas burras que no final desapontam seus fãs quase que com a mesma intensidade.
Um exemplo seria o Star Wars Battlefront 1, e tudo o que melhoraram e pioraram no Battlefront 2.
Ainda não é o fim
No caso do Titanfall 2 acaba dando aquela leve dorzinha no coração, por ser um jogão. Merece ser lembrado até que o máximo de pessoas possível experimente esse game.
Felizmente em 2019 a Respawn Entertainment conseguiu colher os louros com novo game “canônico” ao universo de Titanfall. Partindo do gancho ao final da aventura de 2016, a desenvolvedora nos presenteou com o sucesso absoluto Apex Legends.
Acredito que atualmente o público talvez se sinta mais aberto a receber uma nova aventura de Titanfall. A Respawn já confirmou que isso vai acontecer, e tenho certeza que utilizarão do Apex para trazer esses novos jogadores.
Além do Apex Legends, a Respawn foi responsável pelo Star Wars Jedi: Fallen Order. Também lançado em 2019 e acolhido com muitos elogios pelo público e pela mídia especializada.
Tendo seus dois últimos lançamentos alcançado um belo sucesso comercial, as mentes criativas por trás da Respawn agora estão com tudo a seu favor para fazer de Titanfall uma franquia grande e resistente, como um Titan.
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