A Austrália decidiu cortar o mal pela raiz e anunciou que o chatbot de IA DeepSeek será proibido em todos os dispositivos do governo federal. A decisão, tomada pelo governo de Anthony Albanese, foi baseada em preocupações com segurança nacional, embora os detalhes sobre os riscos exatos ainda sejam um mistério.
IA chinesa sob os holofotes
O lançamento do DeepSeek não passou despercebido. Na semana passada, a chegada do chatbot abalou as ações de gigantes da tecnologia nos EUA, reacendendo o velho debate sobre censura e proteção de dados. Agora, com a Austrália se juntando à lista de países que decidiram bani-lo – ao lado de Taiwan, Itália e algumas agências federais dos EUA –, fica claro que a ferramenta está despertando mais suspeitas do que entusiasmo.
A decisão foi oficializada na última terça-feira pelo Departamento de Assuntos Internos, que, seguindo conselhos de órgãos de inteligência, classificou o aplicativo como um risco inaceitável. O governo determinou que todos os órgãos federais devem remover o DeepSeek imediatamente de seus sistemas e impedir qualquer reinstalação.
Mais um capítulo na tensão com tecnologias chinesas
O ministro de Assuntos Internos, Tony Burke, fez questão de deixar claro que a proibição não tem a ver com a origem chinesa do aplicativo, mas sim com os riscos que ele apresenta ao governo e sua infraestrutura.
“A tecnologia de IA traz um mundo de possibilidades, mas não vamos hesitar em agir quando nossas agências identificam um risco à segurança nacional”, declarou Burke.
Se a história parece familiar, não é por acaso. Em 2023, a Austrália já havia aplicado um veto semelhante ao TikTok, alegando preocupações com privacidade e segurança digital. E, para quem acompanha o setor, a decisão contra o DeepSeek já era esperada. O ministro da Ciência, Ed Husic, já havia previsto que as discussões sobre o chatbot seguiriam o mesmo rumo da polêmica em torno do aplicativo de vídeos.
DeepSeek e suas respostas “evasivas”
Uma análise do The Guardian em janeiro mostrou que o DeepSeek evita responder sobre eventos políticos sensíveis à China, como o Massacre da Praça da Paz Celestial e a Revolução dos Guarda-chuvas em Hong Kong. Enquanto outros modelos de IA, como ChatGPT (OpenAI) e Gemini (Google), abordam essas questões com mais liberdade, o DeepSeek se esquiva com frases como: “Desculpe, isso está fora do meu escopo. Vamos falar de outra coisa?”
Ainda assim, a IA chinesa foi um sucesso imediato, conquistando as lojas de aplicativos logo após seu lançamento em janeiro. No entanto, seu impacto não se limitou ao mundo digital: no mesmo dia de sua estreia, a bolsa de tecnologia dos EUA perdeu incríveis US$ 1 trilhão em valor de mercado.
Com essa nova proibição, fica a pergunta: qual será o próximo movimento dos governos para lidar com o avanço das IAs estrangeiras?